Januário e seu avô em Inhapim

A prática de Januário Bezerra (Inhapim, 1999) manifesta-se através de uma linguagem escultórica, estabelecendo um diálogo íntimo entre natureza, memória rural e espiritualidade.  ​Crescendo no interior de Minas Gerais, a relação de Januário com a natureza e a espiritualidade rural foram experiências formativas. Ele recorda o terreiro da roça cercado por pomares, as colheitas e plantios, os mutirões com familiares e vizinhos que se reuniam para fazer mesas, bancos, camas e outros moveis de madeira maciça, as novenas , casamentos e outras festividades.

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As paisagens rurais do Vale do Rio Doce exercem uma profunda influência em sua estética e em seus temas. A perspectiva criada pelos morros e a relação entre a intervenção humana e o ambiente natural são fontes formais de sua inspiração. Essa influência é evidente em seu trabalho, que misturam a rigidez de construções rurais, como currais e casas, com as formas mais orgânicas e incontroladas da própria natureza. Seu trabalho também reflete as linhas fluidas que as ações humanas desenham na paisagem, como curvas de níveis em plantações, destacando a conexão entre o feito pelo homem e o ambiente natural.